O Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSij), setor vinculado à Secretaria de Saúde, completou 15 anos nesta terça-feira, 04/06, com mais de 2 mil usuários que receberam acompanhamento ao longo do tempo e cerca de 10 mil atendimentos realizados a cada ano.
O CAPSij foi habilitado em 04 de junho de 2009, sendo criado a partir do ambulatório infantojuvenil, que acompanhava crianças e adolescentes usuários de substâncias psicoativas. Com a existência do ambulatório, surgiu a necessidade de atender outros tipos de transtornos apresentados por crianças e de uma equipe mais completa e qualificada.
Conforme a coordenadora do CAPSij, Naiana de Quadros, o CAPSij é para atendimento de casos graves, severos e persistentes da infância.
– Muitas vezes na infância não fechamos diagnósticos de muitas patologias, pois as crianças estão em fase de desenvolvimento. Mas quando há sinais graves, é feito o acompanhamento para sanar e minimizar danos causados pelas patologias ao longo da vida do usuário. Os atendimentos são muito variados. Atendemos pacientes com casos leves que recebem alta ao final do tratamento, mas também temos casos que são acompanhados nos demais serviços, como o CAPS Adulto, ao longo da vida – explica Naiana.
O CAPSij atua com uma equipe multidisciplinar incluindo técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos psiquiátricas, terapeuta educacional, psicólogos, assistentes sociais, educadores físicos e sociais.
Os usuários são acolhidos, seja por encaminhamento da Atenção Primária ou por procura espontânea. Depois da primeira triagem, são organizados planos terapêuticos de atendimento, seja em grupo ou individuais, com cada profissional de acordo com a necessidade do usuário.
Histórias da equipe
A assistente social Nádia Maria Dantur Scheid começou junto com o CAPSij. Há 15 anos atuando no serviço do município, ela possui especialização em Dependência Química e em Terapia da Família. Trabalhou também no ambulatório infantojuvenil e relembra que na época os problemas eram outros.
– Antes do CAPSij, enfrentávamos problemas com crianças de rua consumindo substâncias como cola e loló. Agora, os desafios são outros. Realizamos atendimentos para acompanhamento de transtornos, com uma equipe especializada e preparada para atender – conta Nádia.
O trabalho não é só com crianças e adolescentes.
– Nós atendemos grupos de famílias também, para que todos os membros familiares aprendam a lidar com os transtornos dos usuários. A família tem papel fundamental na construção da autonomia do usuário. Nosso trabalho é para desenvolvê-los, tratá-los e dar alta dos atendimentos. É assim que empoderamos e desenvolvemos nossos usuários. É um trabalho muito gratificante, ver esse resultado de evolução do usuário, da família – avalia Nádia.
O CAPSij iniciou as atividades em 4 de junho, e o técnico em enfermagem, Cassiano Dannenberg, começou a trabalhar no dia 16 de junho de 2009. Ele ressalta que todos deveriam trabalhar, ao menos uma vez, em um serviço de atenção psicossocial pelo aprendizado que ele proporciona.
– Estou há 15 anos aqui, é uma construção aqui dentro. É muito satisfatório acompanhar e encontrar os pacientes depois de um tempo e eles nos reconhecerem. Encontro eles encaminhados, já na vida adulta, e isso é gratificante – avalia Dannenberg.
Além de técnico de enfermagem, ele também ministra oficinas de música no CAPSij.
– A música é terapêutica – ressalta ele.
Conforme o profissional, existe um grande preconceito por parte dos usuários e pessoas de fora, que associam o CAPS aos antigos “manicômios”.
– É um espaço que trata a saúde mental, mas nossa proposta é desconstruir essa visão e entender a proposta do serviço. Nós trabalhamos a convivência, o desenvolvimento, a independência de cada um – esclarece Dannenberg.